Um desastre chamado água
Todos nós aprendemos na escola que água é um elemento sem cheiro, sem gosto e sem cor, formado por duas partículas de hidrogênio e uma de oxigênio, o célebre H2O.
Isto posto, num reino distante, perdido depois do arco-íris, a água distribuída para os cidadãos tem cheiro (ruim), cor (clara) e gosto (tão ruim quanto o cheiro). Então, de acordo com o ensinado nas escolas, não é água.
Este líquido estranho é vendido a preço de ouro, ou de mirra, que seria mais próxima para uma comparação.
Outro ponto interessante é que o que é vendido como água, às vezes é leitoso, em franco desacordo com a definição da consistência do líquido que deu origem à vida.
Mas a coisa vai além: não bastasse a desconformidade com os manuais e enciclopédias, além do líquido, eles entregam vento.
Isso mesmo! Ar, um outro elemento, completamente diferente da água, do fogo e da terra, mas que passa pelos canos que chegam nos relógios de água e é cobrado como se fosse água.
E vamos mais longe. A conta cobra a título de esgoto tratado o mesmo que cobra como água tratada. Tem gente que se espanta porque nem todo o esgoto do reino é tratado e, se fosse, não teria o mesmo preço, centavo a centavo, que é cobrado pela água, já que são operações completamente diferentes, com componentes de custos diferentes.
De uns tempos para cá, muitas contas têm subido subitamente para patamares estratosféricos. E nem sempre a culpa é de vazamentos. Neste mundão de Deus, onde o que vale é a força bruta, o cidadão do reino não tem a opção de comprar de outro fornecedor, a não ser a água potável, porque o líquido estranho é duro de beber. Tem quem diga até que é potável, mas, ainda que sendo, para os livros escolares, não é água.
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