6.600 crônicas
Em 1992, quando eu comecei a escrever e levar ao ar as Crônicas da Cidade, nunca imaginei que 26 anos depois eu estaria escrevendo e levando ao ar a crônica número 6.600.
A ideia que o diretor da Rádio, João Lara, comprou era mostrar o lado bom e bonito de uma cidade fascinante, invariavelmente desmerecida, na toada tipicamente brasileira de diminuir o que é nosso.
Não sei qual a força motora, mas o brasileiro adora se diminuir, se comparar negativamente, encontrar desculpas no passado português para explicar o que não é verdade, muito mais embalado pelo desconhecimento e pelo ouvir dizer do que por provas reais de que as coisas são assim.
A regra vale para quase tudo e é aplicada no dia a dia com a tranquilidade dos santos depois de comerem uma feijoada regada a caipirinha. Nessa toada, São Paulo era – e ainda é – vista como uma cidade brutal, que devora sonhos, cinza, feia e suja, sem horizontes e povo triste.
Mas será que é assim? O por do sol da cidade é dos mais bonitos que eu conheço. A vida cultural não deve nada para nenhuma outra grande cidade. A gastronomia é maravilhosa, os bares ótimos, a cerveja é farta e variada, a pizza imbatível. Alguns museus estão entre os melhores do mundo e por aí vamos, cercados do bom e bonito que se sucede quase até o infinito, para terminar num povo honesto, trabalhador, dono do seu destino e que transforma sonhos em realidade, melhorando a vida de milhões de pessoas país a fora.
A proposta da Crônica era resgatar este lado. Mas ela foi muito além. Não tem como entrar na vida de uma cidade sem navegar sob todo tipo de tempo. São Paulo tem coisas ruins? A Crônica também fala delas. Mas o mais fantástico, o que realmente me move, é a parceria e a cumplicidade dos ouvintes. Vocês são ótimos. Muito obrigado.
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