Tudo menos isso
Há pouca coisa mais incompreensível do que ver alguém que evidentemente está detestando alguma coisa, sem precisar, ficar até o final. É um sacrifício que com certeza faz mal para a alma, abala a saúde, o sistema nervoso e a autoconfiança indispensável para brilhar nos dias de hoje.
Faz pouco tempo, me sentei ao lado de um homem que estava detestando o que estava acontecendo. Não achava graça na música, não estava interessado na orquestra ou no maestro em cima do placo. Estar ali era um sacrifício evidente, que estava lhe custando muito mais do que a apenas a paciência de assistir um concerto de música clássica.
Ele trocaria gostosamente a sala de espetáculos por qualquer galpão onde rolasse um show sertanejo universitário, um funk rasgado, uma baladona, um baticum ou até um banquinho e um violão com alguém cantando Garota de Ipanema.
A única coisa que ele não queria era estar naquela sala ouvindo música clássica. Como eu sei isso? É fácil! Apesar do pedido para desligar os celulares, feito antes de começar o concerto, ele estava com sua maquininha ligada e viajava dos e-mails para o WhattsApp com a sem cerimônia e a falta de respeito de quem não queria estar onde estava, mas, fosse pela razão que fosse, não podia se levantar e ir embora.
Confesso que eu não entendo este comportamento. Se não gosta e não é obrigatório, por que fazer?
Tem coisas que não tem jeito. Tanto faz gostar ou não gostar, temos que fazê-las. Mas outras são absolutamente opcionais, entre elas ouvir música clássica. Então, se não é obrigatório e não gosta, por que ir? Por que ficar? Por que se torturar desnecessariamente? Da mesma forma que eu não sou obrigado a ir a um jogo do Corinthians, ninguém é obrigado a ir a um concerto ou a uma ópera. Ficar em casa é muito melhor.
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