São Paulo merece carinho
São Paulo é das cidades mais antigas do Brasil. Se tomarmos a fundação da Vila de Piratininga, em 1532, é a segunda mais antiga, perdendo apenas para São Vicente, o antigo Porto dos Escravos, elevado a vila poucos antes de Piratininga ser fundada por Martim Afonso de Souza no alto da Serra de Paranapiacaba, às margens do Caminho do Peabiru.
Durante mais de 300 anos a vila ficou quase que adormecida. Seus moradores não tinham tempo para ela: os homens, porque demandavam o sertão; as mulheres, porque tinham que cuidar das fazendas.
Neste período, metade do território brasileiro foi conquistado das lendas e arrancado dos espanhóis. As bandeiras redefiniram as fronteiras nacionais. O preço foi São Paulo permanecer uma vila acanhada, plantada na boca do sertão, habitada, por longos períodos, quase que apenas pelas mulheres, enquanto os homens partiam em empreitadas comparáveis à conquista do oeste norte-americano.
Para o sul, o Rio da Prata. Logo acima, Sabarabuçu. Para o oeste, o Guairá, Potosi e a Cordilheira dos Andes. Para o norte, a Lagoa Dourada, o rio Paraupeva, as minas dos Martírios, que, no século 20, seria Serra Pelada. E Goiás e seu ouro, e o Tocantins, que se descobriu depois, é o Paraupeva. Para o centro-oeste, Cuiabá. Para o nordeste, a margem esquerda do São Francisco, Pernambuco, Palmares e Maranhão.
Os paulistas foram longe e, na caminhada, a única certeza era a vontade de voltar para casa. Para a fazenda no entorno da vila acanhada que só enchia nos dias de festa de igreja.
Depois, São Paulo explodiu, se agigantou, tomou o planalto, se espalhou pelas antigas freguesias. Hoje, é das maiores cidades do mundo, com novos bandeirantes, que lutam e tocam em frente como os antigos moradores. Eles merecem respeito. A cidade merece respeito.
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