Por que falta água?

Há de haver uma explicação lógica, mas, com a queda do prestígio da Fundação Cacique Cobra Coral, ela está cada vez mais nebulosa, cada vez mais escondida, como se o véu de água de uma grande cachoeira ocultasse a verdade, aguardando que um novo aventureiro, perseguindo o sonho da Lagoa Dourada, surja numa piroga descendo o rio para arrancar de trás das águas aquilo que não deveria ser secreto, nem estar escondido.

Aquilo que brilha feito ouro, feito as águas do um grande rio esparramadas num remanso no final da tarde.

Mas não, não é isso que acontece. Milhares e milhares de paulistanos se perguntam diariamente por que está faltando água em suas torneiras.

Qual o mistério que faz com que, mesmo com os reservatórios cheios, continue faltando o líquido da vida nos canos que abastecem milhares de residências espalhadas pelos mais variados cantos da cidade?

Que há algo de tremendamente complicado é óbvio. Mas qual seria a complicação fica difícil de ser compreendido. Tem gente que acha isso, gente que acha aquilo, só que o problema é que quem acha vive se perdendo e não há, por parte das autoridades, qualquer explicação sobre o incômodo fenômeno que atrapalha a vida de pessoas honestas que pagam suas contas, inclusive as de água, desonestamente engrossadas por muito ar que passa pelo relógio entre a religação da rede e a chegada do líquido precioso nas torneiras dos imóveis.

Como perguntaria minha avó: “qual será o final disto tudo”? A pergunta é mais do que pertinente. Não adianta dizerem que não está faltando água, porque está. Falta na minha casa e em várias outras. O que varia é o dia e a hora. Tem quem diga que o mistério não é mais do que a associação entre os executivos das águas e os executivos da energia, que pretendem fundir a fábrica de velas com o serviço de carros pipa. Vai ver, é mesmo por aí.