Por que a Santa Casa fechou as portas
Na semana passada, a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo fechou as portas de seu pronto socorro. A razão? A falta de material para atender os pacientes. A causa? Falta de dinheiro. Falta de dinheiro porque os governos federal, estadual e municipal gostam de gastar, mas não se preocupam seriamente com a saúde do brasileiro.
Legal trazer médico cubano, legal abrir novos hospitais, legal prometer o infinito, mas, na hora de entrar com a grana, a coisa toda muda.
E os hospitais que atendem a população há décadas, não só a Santa Casa de São Paulo, mas dezenas de outros, como o Santa Marcelina, que também presta um serviço inestimável à cidade, ficam a seco, sem escada e com a brocha na mão.
O que acontece? Acontece que o governo não paga o necessário para custear a saúde pública. Ou melhor, nos chamados procedimentos complexos, paga muito bem, mas nos procedimentos mais simples, que são os procedimentos de rotina de um pronto socorro, o pagamento é muito baixo. E aí a conta não fecha. O pronto socorro da Santa Casa de São Paulo é um dos maiores do país.
Todos os dias, milhares de pessoas passam por ele para serem atendidas, em procedimentos que variam de unha encravada a fraturas expostas, causadas por acidentes de trânsito, tiros, facadas, tentativas de suicídio, assassinatos, estupros, abortos e o mais de brutal que alguém possa imaginar.
A Santa Casa atende todos que batem à sua porta. Só que ela recebe menos do que gasta. União, Estado e Município sabem disso há muitos anos. Como sabem que a dívida da Irmandade chegou no limite. Mas o legal é empurrar com a barriga. Foi isso que fizeram.
Não há mágica, nem plano B, nem candidato derrotado que mude o quadro. Ou o estado brasileiro assume suas responsabilidades, ou os hospitais vão continuar fechando.
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