Pode ser perigoso para as onças
Conversando com o Haisem Abaki e a Camila Tuchlinski sobre a minha ideia de soltar onças no Congresso Nacional, o tema escorregou para um ponto que eu não havia considerado quando escrevi a crônica.
Deputados e senadores não são capivaras, animais que, de uma forma ou de outra, são saudáveis e por isso sua carne não faz mal às onças.
Mais especificamente, à digestão das onças. O processo de morder, matar e engolir uma presa requer competência e as onças têm de sobra. Mas será que as onças engolem um congressista com a mesma tranquilidade com que engolem uma capivara?
A pergunta é pertinente. Alguém contou que uma onça morreu depois de comer um deputado que estava caçando na mata de uma reserva ambiental de proteção permanente. Que, apesar de não haver laudo positivo atestando que o envenenamento se deu indubitavelmente por causa da carne do deputado, o certo é que a onça morreu envenenada por alguma coisa que ela ingeriu pouco antes ou depois de comer o deputado.
Há a remota hipótese de o envenenamento ter se dado por causa da água que o felino bebeu. Parece que a onça bebeu água numa lagoa próxima do local onde comeu o deputado, envenenada com timbó por algum frequentador de Brasília que queria matar peixes sem fazer força.
Seja como for, ainda que o trágico acidente seja apenas fofoca da oposição, o fato é que a carne dos políticos pode sofrer o mesmo processo que estragava o gosto da carne dos índios batizados pelos jesuítas, pouco antes dos rituais de sacrifício para o banquete da noite.
Além disso, não é de se descartar a possibilidade de uma forte azia. Ou seja, seja como for, as onças serem soltas no Congresso Nacional para devorarem deputados e senadores pode representar uma ameaça à saúde dos felinos. Então, em nome da proteção às onças, é melhor não fazer.
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