Perrier x San Pellegrino
Eu tenho um amigo importante e sofisticado que entende de coisas importantes e sofisticadas.
Ele já dirigiu Ferrari pelas estradas vicinais das serras italianas, Porsche pelas autoestradas alemãs, Aston Martim em autódromo sei lá em que parte do mundo. E quando está na Europa, o carro que ele usa, com motorista, é claro, é um Bentley com certa idade, porque, segundo ele, Bentley zero é carro de novo rico.
Tenho outros amigos que discordariam dele, mas como eu não entendo nada de Bentleys e nunca dirigi Ferrari nem em autorama, em prol da concórdia, aceito as duas posições.
Meu amigo é muito chique. Não bebe qualquer uísque, não bebe qualquer champanhe, não bebe qualquer gim e não aceita a ideia de beber vodca se não for não sei de que marca, importada de um lugar improvável.
Vinho com menos de 10 anos é vinagre. Coisa de gente sem paladar. O ideal são os vinhos europeus, mas, fora da Europa, vinhos do novo mundo podem ser bebidos, é evidente que respeitadas suas limitações e sem comparações com os “gran crus” franceses. E vinho branco se bebe um pouco mais que fresco, enquanto o tinto, claro que em copos apropriados, um pouco menos que fresco.
Meu amigo veste casacos e jaquetas de Bergedorf Goodman. Mas seus sapatos são italianos e os ternos feitos sob medida num alfaiate de Saville Road. As camisas, surpreendentemente são de seu camiseiro brasileiro, homem de absoluta confiança há mais de 20 anos.
Mas o dia em que meu amigo realmente se superou foi quando, numa discussão a respeito de água e suas inúmeras variações em volta do mundo, ele disse que, por causa do estômago, só bebia Perrier. Segundo ele, San Pellegrino até que é boa, mas lhe dava um pouco de azia.
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