Paris parece o Brasil
A quebradeira que tomou conta das ruas de Paris lembra a quebradeira que tomou conta das ruas brasileiras não faz tanto tempo e que encheu o mundo de sentimentos contraditórios sobre nossa democracia.
Curiosamente, lá não há sentimentos contraditórios. O governo está prendendo desordeiros, ao mesmo tempo que promete que vai abrir canais de comunicação com os “coletes amarelos”, que, como aconteceu no Brasil, não têm lideres claros.
Com quem o governo francês vai conversar é que são elas. Não há interlocutores identificáveis. Ao contrário de 1968, quando a França foi sacudida de alto a baixo pelos estudantes que tomaram as ruas de Paris, desta vez não há um Cohen Bendict como interlocutor.
Naquela época não havia redes sociais. Agora, milhares de pessoas se articulam fora dos canais convencionais e marcam os eventos através do celular, o que impede que se saiba com antecedência o quê, como e onde vai acontecer.
Nenhum partido político entendeu o que está acontecendo e também não foi chamado para participar do movimento.
Entre os manifestantes aparece de tudo. Gente protestando contra o aumento do imposto sobre combustíveis, estudantes, motoristas de ambulâncias, moradores das periferias, agricultores, intelectuais e o mais que se imaginar numa sociedade supercivilizada como é a francesa.
As cenas de destruição são tão patéticas e estúpidas como as que aconteceram no Brasil. Pichação, quebradeira, fogo, saque, vandalismo, tem um pouco de tudo, como se Paris fosse uma capital de país de terceiro mundo servindo de palco para o início da “primavera europeia”.
Para tristeza dos que se dizem superiores, a quebradeira francesa mostra que o ser humano é igual em qualquer lugar, tanto faz o país.
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