Os onços e seus companheiros
Mais uma vez a presidenta que foi estudanta se supera. Agora, a aula foi para explicar que, caso uma única larva de aedes sobreviva, a mosquita pode repovoar todo o quarteirão, jogando pela janela os esforços dos soldados que enfrentam a praga com pouco treinamento.
Parece que o início de tudo foi um desses acasos da natureza, no qual uma mosquita picou uma mulher sapiens, que estava mastigando mandioca para fazer cauim. O resultado é que a mulher transmitiu um vírus aedes para o homem sapiens, justamente quando ele tentava construir um silo em forma de pastel, para armazenar o vento da região.
Mas o que poderia soar trivial teve forte impacto na natureza. Machos de todos os tipos se revoltaram com o mau uso do idioma e estão exigindo, com ameaça de parar as capitais do país às 19 horas dos dias de semana, o direito de serem nomeados no masculino.
Se a presidenta é presidenta em vez de presidente; se a mulher sapiens come mandioca enquanto o home sapiens estoca vento; se a fêmea do aedes é mosquita, um longo abaixo-assinado exige o mesmo tratamento para milhões de machos que vivem no planeta.
Começando pelos quadrúpedes, machos de várias espécies desejam saber por que não podem ser onços, ariranhos, pacos, cotios, capivaros, hienos, girafos, etc.
E o mundo dos répteis também está agitado, com jararacos indignados, apoiados por mussuranos, jiboios e cobros de todos os tipos, com e sem veneno.
Para não falar nas aves, com os araros uma arara; ou nos peixes, com a irresignação dos enchovos, sardinhos, tainhos, garoupos e demais parentes. A revolta dos machos é tão forte que, talvez, seja caso de rever o Acordo Ortográfico ou a noção do que seja uma Pátria Educadora.
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