Os jacarandás não querem saber
Os ipês amarelos estão ai. Os ipês rosa estão por aí. Os ipês brancos, ainda que em menor quantidade, também estão por aí.
Quer dizer, os ipês não estão com a menor vontade de ceder espaço, de sair de cena, de deixar outra árvore entrar em seu lugar.
Tanto faz se já passou a hora deles. Tanto faz se a vida segue em frente e é hora de fazer ou deixar de fazer alguma coisa.
Uma maritaca fofoqueira me disse que a briga toda está em torno de saber se as jabuticabeiras têm o direito de exigir o momento para sua safra.
Parece que os ipês não se conformam com o fato das jabuticabeiras atualmente darem o ano inteiro e ainda quererem o direito de dizer que agora é o seu momento, a hora da sua safra.
Se é para ser assim, eles se recusam a sair de cena. Vão ficando com cara de quem não tem nada com isso, mas fazendo corpo mole, como se não fosse com eles, nem tivessem nada com a sequência da vida vegetal.
Se alguém tem a obrigação de sair de cena, não são eles e ponto.
Não estão dispostos a serem bonzinhos, a não ser que as jabuticabeiras – na versão da maritaca – se disponham a abrir mão de exigir que agora seja a hora da sua safra.
Não sei até onde se pode acreditar nas maritacas. E muito menos numa que tem fama de fofoqueira, mas sua história faz sentido e os ipês realmente não estão com cara de quem pensa em ir embora.
O problema é que os jacarandás mimosos, que estão esperando a vez, parece que enjoaram de ficar de fora. Com ipê ou sem ipê, decidiram entrar em cena e ocupar o palco. Quem ganha somos nós. A cidade está mais bonita e mais alegre.
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