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Crônicas & Artigos

em 02/10/17

Os ipês rosa

Este ano eles estouraram a boca do balão. Os ipês brancos vieram com tudo, como se o branco de suas flores escondendo os galhos pudesse reverberar um grito cósmico pedindo paz.

Paz no mundo. Paz na vida de cada ser humano. Paz na busca desenfreada por um Deus próximo e que se mostra esplendoroso nas flores dos ipês brancos.

Há muito grito, muita dor, muito sofrimento. Não é preciso atravessar o Atlântico para achar. Qualquer grande cidade brasileira grita com medo, com frio, com calor, debaixo d’água, desesperada, sem chance de auxílio, levada na enxurrada da bandalheira, no abismo da incompetência, na cara de pau que talha as feições de boa parte de nossos homens públicos.

Os ipês brancos gritam contra isso. Gritam na florada maravilhosa, levantam os galhos pedindo socorro pelos 100 mil brasileiros mortos assassinados ou no trânsito. Pelos 600 mil aleijados em acidentes de veículos. Pelas mulheres vítimas dos abortos clandestinos.

Os ipês brancos, em sua breve florada, deram seu recado, deixaram sua marca nos dias de 2017. Foi bom e bonito.

Depois vieram os ipês rosa. Foram além. Foram aonde os ipês brancos, por pudor, não foram. Não era para ir. A beleza, quando é muito forte, pode levar à loucura. É difícil encarar o divino sem perder a noção das coisas.

Mas os ipês rosa não se abalaram, não se comoveram, não tiveram medo. Cruzaram a fronteira do belo definitivo, do sem retorno, e deram seu recado numa florada deslumbrante, como o universo expandindo logo depois do Big Bang.

As árvores foram longe para criar a florada perfeita. E conseguiram, pelo menos até o ano que vem, quando tentarão se ultrapassar.

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