Os idiotas na USP
Sábados de manhã, a USP fica lotada. Pessoas, aves, cães, capivaras e outros animais menos comuns, como lagartos, dividem democraticamente os amplos espaços da antiga fazenda do Butantã, onde, há mais de meio século, foi construída a Cidade Universitária.
É um lugar lindo, com árvores, nativas ou não, repartindo o espaço com grandes gramados, canteiros, arbustos, prédios e ruas, por onde circulam alguns milhares de pessoas, chova ou faça sol.
Nos meses de outono, com os dias mais azuis, o número de pessoas cresce, como se desafiassem as capivaras, a cada semana mais numerosas, que pastam indiferentes em volta da raia de remo.
Boa parte das pessoas vai até lá se exercitar, correr, caminhar ou dar a pedalada de final de semana, encontrar amigos, marcar programas, acertar o que vai acontecer de noite e depois, de madrugada.
Espaço de encontro, de trocas, de amizade e companheirismo, os sábados da Cidade Universitária seriam perfeitos, não fossem os idiotas que decidem mostrar que seus carros correm e por isso destrambelham pelas ruas e avenidas da USP como se fossem bandidos fugindo da polícia ou cantores de ópera correndo para salvar a mãe da fogueira.
Voam baixo, com a segurança dos imbecis que se imaginam acima do bem e do mal ou que, porque são universitários e estudam na melhor universidade da América Latina, podem tudo, como os antigos deuses mitológicos abrindo espaço entre manadas de javalis ou matando dragões.
De verdade, não passam de idiotas sem a menor noção de viver em sociedade e para quem a vida humana não tem qualquer valor.
Eu não tenho nada contra se arrebentarem nos postes e muros da cidade. A vida é deles. Pagando os prejuízos, se querem se matar, que se matem, mas colocar a vida de outros em risco é imperdoável.
Voltar à listagem