O viaduto democrático
O Brasil é, sem dúvida nenhuma, um país altamente democrático. Nossa democracia se mostra nos atos mais singelos do dia a dia das pessoas. Pode ser vista no metrô, nos trens urbanos, nos congestionamentos de trânsito, nas filas de churros, enfim, em toda parte.
Mas ela se revela mesmo, como um direito amplo, geral e irrestrito, nos assaltos e atos de violência praticados contra os cidadãos. Aqui a coisa pega pesado com tudo mundo.
Os mais velhos vão se lembrar que o Vice-Prefeito de São Paulo, na gestão Luiza Erundina, foi assaltado. Outros não tão velhos vão se lembrar que o Ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso teve o carro roubado, aliás, se não me engano, duas vezes. Finalmente, os mais atentos lembrarão que o Cardeal do Rio de Janeiro foi roubado faz pouco tempo.
É verdade que, se nós todos podemos ser assaltados, a recíproca não é bem assim. Não é todo mundo que pode participar da bandalheira em larga escala que sugou, por exemplo, o caixa da Petrobrás. Isso é para os amigos do rei, que são muitos no universo da política, mas são poucos diante do número de habitantes do país.
Tenho certeza que foi este espírito democrático que levou a CET a tomar providências para congestionar a outra pista do Viaduto Antártica.
Quem conhece o pedaço sabe que a pista que vai da Avenida Sumaré para a Praça Luiz Carlos Mesquita congestiona faz tempo. Mérito da CET, que não consegue dar conta do semáforo na praça. Agora a CET conseguiu aperfeiçoar o nó e, ao mesmo tempo, reverter um grave trauma psicológico que afetava a pista contrária. Vendo o congestionamento de quem vai, a pista que vem se questionava sobre sua competência. Com as últimas ações da CET, as duas pistas congestionam e a pista que vem sorri feliz ao ver o trânsito completamente parado do seu lado também.
Voltar à listagem