O verde mais verde
É impressionante o que dois meses fazem na paisagem, para o bem e para o mal, se é que se pode falar em mal quando falamos da natureza.
Cada mês tem sua beleza própria, seu encantamento, sua magia. Por isso, se um é mais verde, o outro tem noites mais belas, ou o vento sopra numa toada especial. Tanto faz, todos têm seus momentos, sua poesia, sua forma de encarar a vida.
Depois de setembro, o verde começa a se impor. A ocupar seus espaços e, agora, quase dezembro, quem sabe para alegrar ainda mais a chegada do menino Deus, o verde fica mais intenso, descobre tons e matizes diferentes, cria contrastes dele em cima dele mesmo.
É nesse momento mágico que os flamboyants entram de sola. Escancaram sua florada com um vermelho claro único, montado no campo verde intenso de suas folhas pequenas balançando na brisa do domingo sem uma nuvem no céu.
Os flamboyants fazem questão de deixar claro que, em matéria de política, não são a favor, nem são contra ninguém. Não tomam parte. Não se interessam. Só sentem vergonha com o que fizeram com o Brasil.
Mas param por aí. No último summit da espécie, com representantes de todas as partes do mundo, os flamboyants divulgaram uma carta de princípios e o primeiro declara que o reino vegetal não tem nada com as bandalheiras dos homens. Por isso os flamboyants se reservam o direito de não entrarem em bola dividida, não tomarem partido, não serem a favor ou contra. O negócio deles é cumprir sua parte no grande concerto do mundo.
Florescem no começo do verão, seguram a florada um bom tempo, enfeitam o mundo e depois saem de cena, como convém aos bons atores, aos poetas e às árvores. Bem aventurados flamboyants, sejam felizes no verão e, com sua sabedoria, curtam o seu momento!
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