O velho e bom Albardon
A Revista Iate comemorativa dos 70 anos do Iate Clube de Santos traz na capa uma fotografia que mexeu comigo. É uma foto dos anos 1960, com duas Cabras Mar 24 pés e um barco maior, atracados no pontão do Clube.
O que mexeu comigo foi ver e identificar imediatamente o barco maior. É o Albardon, o barco argentino, de 50 pés, de meu tio Ruy. Rever o Albardon traz uma longa série de boas lembranças. Foram anos de passeios e viagens maravilhosos pelo litoral de São Paulo e Rio de Janeiro.
Histórias simples, complexas, gozadas, não tão gozadas, alegres, tristes, bonitas, passeios e aventuras, todas inesquecíveis e maravilhosas dentro de um tempo em que a vida corria solta e pegava leve, nos passeios e nas pescarias, no próprio Albardon, de botinho ou debaixo d’água.
Tio Ruy enchia o barco com Tia Laurita, filhos, sobrinhos, amigos e os marinheiros, Passarinho e Orlando.
Saíamos do Iate Clube de dia e de noite e quase que com qualquer tempo, o que nem sempre era a solução mais indicada. Mas tocávamos mar afora, primeiro com dois GM’s e depois com dois Caterpillar’s, na toada suave do lindo barco argentino, relativamente baixo, fino e comprido, com a capota da ponte de comando de lona, o timão no meio, os dois bancos, um em cada lateral, a popa baixa, atrás da cabine, com duas cadeiras de pesca e os turcos levando um bote de borracha com motor de popa.
O Albardon era um grande barco em todos os sentidos. 50 pés era bem grande para os padrões da época. Além disso, era confortável, marinheiro e extremamente bonito. Na popa tinha uma suíte, à meia nau ficava a ampla sala, à sua frente, mais baixos, ficavam a cozinha e um banheiro e na proa, outra cabine. A bordo dormiam tranquilamente, mais ou menos apertadas, 8 pessoas. Nele tive o privilégio de conhecer um litoral muito mais bonito, preservado e rico do que o litoral de hoje.
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