O troco da USP
Eu não sei se foi combinado ou se as árvores da USP ficaram sabendo por algum sabiá, o fato é que depois dos cemitérios São Paulo e da Consolação, a USP entrou na dança da florada dos ipês rosa. Mas fez de forma mais científica, valorizando o ipê com a ajuda de outras plantas, no caso, as cerejeiras do Jardim Japonês.
Diz a lenda que foram plantadas quando o príncipe do Japão inaugurou o prédio do outro lado da rua. Se é verdade, não sei, mas a história é boa, então merece ser contada como se fosse verdadeira.
Um ipê rosa plantado ao lado das cerejeiras decidiu que era o momento de florir e foi pro pau. Se encheu de flores, mas antes acertou com as cerejeiras que era também pra elas florirem, colocando o delicado roxo quase rosa de suas flores para criar o contraponto perfeito para valorizar o pedaço, no alto da primeira perna da subida, ao lado da biblioteca Guita e José Mindlin.
Ganham todo. Ganha a paisagem, que está deslumbrante com o rosa e o roxo enfeitando o céu. Ganham as árvores, que com rara felicidade se entregaram às suas flores num momento especial, em que o céu fica mais azul e realça o contraste.
Ganha a biblioteca, que por causa das flores fica em evidência e chama a atenção de quem não sabe que prédio é aquele.
Ganha quem passa por lá e tem o privilégio de ver o resultado da ação conjunta do ipê e das cerejeiras.
Ganha a cidade. E ganha duas vezes. A primeira porque as floradas se sucedendo forçam outras floradas a se abrirem. E ganha porque, florida, fica mais bela, menos cinza e menos poluída. Menos estragada por quem deveria cuidar dela.
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