O São Paulo é o retrato do futebol brasileiro
Pode ser que aconteça um milagre e o time, em algum momento no futuro, comece a jogar futebol. Pode ser até que vença torneios importantes, como Libertadores e Campeonato Brasileiro. Afinal, futebol é imprevisível e, como acontece na vida, nem sempre quem vence é quem merece. A culpa não é dos jogadores, nem do técnico. É de quem montou o time. O time é ruim. E faz o que pode, mas, como é ruim, não faz quase nada.
A verdade dura, triste, desmoralizante é que hoje, no país, tem um único grande time pior do que o São Paulo. Apenas um. A seleção brasileira.
Ver um ou outro jogar não dá sono porque dá raiva. Dá vergonha, irrita, faz perder a paciência, mas também faz pensar, e o resultado é a certeza de que o futebol brasileiro, com o que temos aí, perdeu a mão, ou o pé.
Explica por que estamos em sexto lugar nas classificatórias da Copa do Mundo, por que tem gente, desde já, inventando desculpas para uma eventual vergonhosa desclassificação.
Explica por que os brasileiros estão cada vez mais decepcionados. A questão não é política, nem econômica, a questão é moral e varreu o país de lado a lado, esbodegando com conceitos como vergonha na cara, honestidade, competência e dedicação.
Patriotismo é coisa completamente fora de moda, apesar de alguns jogadores cantarem o Hino Nacional com lágrimas nos olhos e, mais importante, o bolso cheio de dinheiro.
Amor à camisa é romantismo, coisa do tempo que a mulher amada morria tuberculosa, costurando de noite para sustentar o amante ingrato que vivia na gandaia, mas que se arrependia de tudo depois que ela morria.
É triste. É muito triste, mas é assim. O São Paulo é o patético retrato do futebol brasileiro. O duro é que, com nossos dirigentes e falta de craques de verdade, vai levar tempo para mudar o quadro.
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