O país que a gente vê
Macunaíma, o grande herói nacional, dizia que o Brasil era um país muito estranho, onde as pessoas falavam uma língua e escreviam noutra.
Com o passar dos anos o Brasil ficou mais estranho ainda. Atualmente existem dois países completamente diferentes: um, o país que a gente vê e outro, o país que o governo diz que vê.
Entre eles as semelhanças são apenas as exceções. A regra é a divergência absoluta, sendo que para o governo elas não custam caro, mas a população paga um preço absurdo, começando pelo conserto das suspensões dos carros, ônibus e caminhões que circulam pelo nosso imenso território.
As estradas são esburacadas, as ruas são esburacadas, as avenidas são esburacadas e, para não fugir à regra, as calçadas também são esburacadas. É muito mais buraco do que concebe nossa vã filosofia.
Já a contrapartida para o avanço social, sem dúvida nenhuma bem representado pelo Bolsa Família, são os hospitais sem dinheiro, as cidades sem postos de saúde, sem saneamento básico, sem água tratada, sem policiamento eficiente.
O petróleo continua nosso porque o governo ajuda e a Petrobrás, nos últimos anos, foi reduzida a um pálido fantasma da pujante e eficiente companhia que ela já foi.
Mas, segundo o governo, nós não temos crise. A contrapartida das ruas é o número cada vez maior de imóveis comerciais vazios para vender ou alugar.
O que a Avenida Rebouças, a Brasil, a Pacaembu, a Rua Oscar Freire, a Bela Cintra, a Líbero Badaró, a José Bonifácio, a Direita e tantas outras têm em comum? Placas. Placas e placas de aluga-se ou vende-se. País sem crise é isso: fecha as lojas por esporte.
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