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Crônicas & Artigos

em 15/05/14

O pai do projeto

por Antonio Penteado Mendonça

Na antiga União Soviética quando os líderes caíam em desgraça, eram tirados das fotos oficiais. De repente, do dia para a noite um determinado homem era morto com uma bala na nuca e a fotografia dos heróis da Revolução de Outubro era modificada, com a exclusão do herói caído em desgraça do panteão da glória revolucionária.

Nada que os próprios apagados, em nome da vitória final do socialismo, não aceitassem, porque 20 anos depois seriam reintroduzidos no rol dos grandes heróis, com a observação de que sua morte e o seu apagamento da foto eram apenas para enganar o inimigo capitalista e facilitar o triunfo final da Revolução.

Começando pelo fim, a Revolução não triunfou, a pátria do proletariado hoje é capitalista e os velhos rostos dos heróis da Revolução de Outubro nunca voltaram para as fotos históricas.

Em São Paulo aconteceu algo parecido. Quem passa hoje pela Marginal do Pinheiros vê entre as pistas e o rio um área rearborizada, com plantas crescendo e fechando a área, formando um jardim bonito em complemento ao rio que um dia poderá voltar a correr limpo.

Essa ação tem na origem um ação chamada Projeto Pomar. Não fosse a ação forte e politicamente inteligente do Jornal da Tarde, o Projeto Pomar não existiria e a região continuaria tão degradada como era 20 anos atrás.

Mas o responsável pela ideia sofreu a mesma sorte dos grandes heróis comunistas depois dos expurgos de Stalin. O pai do Projeto Pomar se chama Fernão Lara Mesquita. Sem ele e sua ação no Jornal da Tarde, os políticos não teriam feito nada. Em função da pressão do jornal fizeram, mas tiraram o Fernão da foto. Ninguém mais fala que o pai da ideia é ele.

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