O monumento pichado
O que leva um imbecil a pichar o monumento em homenagem à amizade Brasil-Japão, dentro da Cidade Universitária da USP? A resposta óbvia quase compromete a pergunta: é um imbecil, definição que basta para justificar a estupidez cometida como se fosse legal fazer isso.
A pergunta certa é outra: por que este imbecil e os outros iguais a ele, que picham com a maior sem cerimônia o que não é deles, não vão pichar a sala de visita da mamãe, as paredes do papai e o carro novo do cunhado?
Todo mundo, nesta época de liberdade sem limites, na visão de milhares de pessoas, muitas de boa-fé, tem o direito de fazer o que quiser, quando quiser e como quiser.
Só que não é bem assim. É parecido. Eu até aceito, em princípio, alguém destruir o que é seu. Afinal, é seu. Mas, dependendo do que for, há um limite, que deve obrigatoriamente ser respeitado.
Limite que está na lei. Não porque a lei queira implicar com quem quer destruir o que é seu, mas porque existem coisas que transcendem a posse e mesmo a propriedade. É seu, mas não pode ser destruído porque o impacto vai muito além do direito de propriedade.
O problema é quando o imbecil decide destruir o que não é seu.
Mas fazer o quê? Num país onde alunos filmam o colega dando um soco na cara do professor, e provavelmente ficará tudo como se não tivesse acontecido nada, não há muito a ser feito.
Está tudo dominado. Serão necessárias algumas gerações, desde que se decida seriamente investir em educação para mudar o quadro.
Tanto faz se a cidade fica feia, se os prédios, as estátuas, os monumentos estão pichados.
O imbecil acha que é direito seu pichar e continuar tudo certo. Ele não tem que pagar os danos. Se a pena para isso fosse pichar a casa do pichador com certeza haveria menos pichações.
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