O livro de Luís Martins
Para quem acha que minhas mais de 6.200 crônicas é muito, Luís Martins escreveu mais de 7.000. Quer dizer, ainda tenho muito chão para chegar lá.
No último dia 6, aconteceu, na Academia Paulista de Letras, o lançamento do livro “Melhores Crônicas de Luís Martins”. É uma antologia póstuma, organizada por sua filha, Ana Luisa Martins.
O autor é dos grandes cronistas brasileiros e o livro retrata o longo período desde o começo dos anos 1950 até 1980, período em que escreveu para o Estadão. Assim, além da leitura deliciosa de um texto inteligente e bem articulado, o leitor tem a possibilidade de acompanhar a evolução da cidade de São Paulo, retratada por um carioca que se mudou para cá e se tornou paulista, sem perder suas raízes.
O texto de Luís Martins flui fácil. Com amplo domínio da técnica da crônica, ele faz de cada texto uma fotografia clara, mas com a possibilidade que só a palavra dá, de permitir ao leitor viajar em cima e ver a cena com os seus olhos.
A maravilha da palavra é justamente a possibilidade de se ter duas verdades às vezes quase opostas, mas intimamente ligadas, entre o que o autor escreve e o que o leitor entende.
A obra literária deixa de ser do autor no momento em que é publicada. O que ele quis dizer deixa de ter a importância que o fez escrever para se transformar no trampolim para a compreensão de quem lê, filtrado por sua história de vida, crenças e convicções.
Luis Martins sabia disso como pouca gente. Lúcido, inteligente, culto e talentoso, o pai de Ana Luisa e marido de Anna Maria Martins, é dos grandes cronistas brasileiros. Assim, nada mais justo que, no lançamento do livro, tenha sido lembrado por Ignácio de Loyola Brandão.
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