O fósforo aceso no paiol de pólvora
É incrível, mas estão brincando com fogo e parece que não percebem. Uma breve olhada no passado do Brasil mostra que tudo tem limite e que a nação não pensa duas vezes para, na hora certa, sair no tapa.
Os fatos mostram que é balela a história de que o brasileiro é acomodado, conformista e incapaz de uma ação mais forte. Se nossos movimentos não são banhos de sangue como acontece em outras terras não é porque o banho de sangue não seja possível, mas porque o brasileiro demora para agir. Mas quando a coisa estoura, estoura com todo mundo mais ou menos achando a mesma coisa. Vide os jogos de futebol.
Não se esqueçam que a República foi proclamada por um marechal monarquista. Que 1930 foi capitaneada pelo ex-Ministro da Fazenda e homem de confiança do Presidente da República.
Que em 1945 a ditadura caiu de madura. Que em 1954 Getúlio, um dia antes do suicídio, estava para ser impichado. Que 1964 teve, antecedendo o movimento militar, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, uma das maiores manifestações de rua da história do país, organizada pelas mulheres de São Paulo.
Quanto a banhos de sangue, para ficar apenas na República, Canudos, o Contestado e a Revolta da Armada são bons exemplos. E, para quem quer ações mais fortes, São Paulo bombardeada pelas tropas governistas, em 1924, e depois pela aviação Getulista, em 1932, também dão uma ideia do que pode acontecer.
No entanto, a turma de Brasília, de todos os Poderes e nas mais altas hierarquias, parece não estar vendo que o abismo está cada vez mais próximo e continua insistindo em entrar no paiol de pólvora com os lampiões acesos, com a chama bem alta, como se, em vez de explosivos, lá dentro guardassem a areia das praias. Vai acabar mal. Ainda dá tempo de evitar o pior, mas nós estamos cada dia mais próximos do limite do povo.
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