O flamboyant antes da hora
As plantas seguem uma sequência lógica, que se estende ao longo do ano e enfeita a cidade, de janeiro a dezembro. Com exceção das espatódias das Perdizes, que nasceram implicantes, o mundo vegetal mais ou menos cumpre o combinado, não fugindo muito da época de cada florada, pelo menos até agora.
Assim, quaresmeira floresce na quaresma, na sequência vêm as paineiras e depois, os ipês roxos, e as azaleias, seguidas pelos ipês brancos, e os rosa, e as tipuanas e sibipirunas, depois, os ipês amarelos, cada um num momento definido, intercalado pelos frutos das jabuticabeiras, amoreiras e pitangueiras.
Tem espaço para o jacarandá mimoso, como tem espaço para um bis das jabuticabeiras dando frutos de novo.
Essa sequência quase imutável, ano depois de ano, com pouca variação entre o começo e o fim de cada festa, promete para o final do ano duas grandes floradas, não porque tenham muitas árvores espalhadas pela cidade, mas porque as árvores cobertas de flores ficam maravilhosas.
Os flamboyants e as espatódias. As duas se cobrem de vermelho, mas o tom da cor é bem diferente, assim como a forma das flores e o verde das folhas, que fazem contraponto para a florada se sobressair entre o cinza triste que deixa mais triste a cidade.
Não me pergunte o porquê, o fato é que um flamboyant decidiu se enfeitar e colocar o bloco na rua antes da hora. O resultado é que ele conseguiu criar um fato novo da maior importância para o futuro das floradas. O contraste de suas flores vermelhas com o roxo do jacarandá e um resto de amarelo das tipuanas mudou o cenário, fez a rua ficar alegre. Quem sabe seja caso de se abrir negociações. Pode ser que o mundo vegetal seja mais sensível e receptivo do que os seres humanos.
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