O fim do diálogo
Pouca cosa é mais gostosa do que um bom papo. Seja onde for, como for, com quem for, pouca coisa é mais prazerosa do que jogar conversa fora, conversar por conversar, sem qualquer obrigação de reformar o mundo ou decidir os destinos da pátria.
Simplesmente conversar, trocar ideias, falar da vida, das receitas para pratos maravilhosos, da chuteira de bico de marfim que veio especialmente da China, do carro novo comprado de segunda mão, etc.
Sentar em volta de uma mesa, numa sala ou num gramado, e ficar conversando, contando histórias, um assunto puxando outro, sem compromisso com seriedade, estatísticas ou com a verdade absoluta.
Mas o que é a tal da verdade? Será que o que vale para você vale para mim? Vamos parar por aqui. Tem outros assuntos mais interessantes para serem conversados.
Quem sabe o nome científico do macaco prego de rabo vermelho? Ou porque os carrapatos preferem morder os cavalos do lado direito e os bezerros do lado esquerdo?
São temas transcendentais que exigem meditação, goles de vinho, cerveja, vodca, gim, uísque, guaraná, coca cola, tubaína, grapete, maçãzinha e até água mineral.
Um tema engata no outro, rola, se estende, provoca risos, indignação, bom humor, vontade de ir no banheiro e todo mundo fica feliz, vai dormir de bem com a vida, esquece os atropelos e as dificuldades do mundo.
É esta velha prática, tão antiga quanto os homens se sentarem em volta do fogo, que está seriamente ameaçada.
Com as maquininhas modernas, que no princípio foram telefones, as pessoas estão desaprendendo a conversar e a interagir. Daqui a pouco terão necessidade de um programa até para namorar.
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