O farol da procela
Desde a pré-história o homem tem no fogo seu maior aliado. Na paz e na guerra, com os mais diversos usos, o fogo, até hoje, faz a diferença que nos permitiu dominar o planeta.
Entre as funções mais importantes, está seu uso para sinalização. Sinalização para mostrar o perigo escondido no mar, avisar dos ataques dos inimigos, clarear o caminho na noite escura.
Ah, as fogueiras se acendendo uma depois da outra, outeiro por outeiro, torre por torre, avisando do desembarque dos mouros, da chegada dos normandos, do ataque dos vikings!
Ah, o alívio do marinheiro lutando com a tempestade, vendo ao longe o fogo do farol indicando a entrada do porto!
Ah, a luz plotando os rochedos, marcando o rumo entre os recifes, indicando a entrada da barra e a possibilidade do descanso depois da procela!
Os faróis. A magia dos faróis. A solidão dos faróis. A melancólica angústia da rotina imutável do solitário faroleiro!
Quanta dor, quanta mágoa, quanta alegria frustrada na vida dos homens presos aos faróis, às torres no alto dos promontórios, o facho de luz girando, avisando os navegantes que não param, nem dão adeus, nem se lembram que, atrás do sinal que lhes salva a vida, há outra vida, escondida nas trevas.
Hoje os faróis são automáticos, tocados a luz solar, controlados à distância. Não há mais a fascinação dos faroleiros.
Mas e se do nada nascesse um farol ao contrário? Um farol que guiasse as procelas? Uma forte luz que varasse a treva mais densa e indicasse o rumo para a tempestade perfeita. Será que não haveria a necessidade de uma pessoa especial para dar conta do recado?
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