O dinossauro tem nome
Até no dia da independência, tanto faz se você está atrás, na frente ou do lado, ao ouvir o ronco, corra ou acelere desesperadamente, saia de uma possível rota de colisão, se esconda, busque refúgio, mergulhe no rio, tudo, absolutamente tudo é válido. O importante é salvar a vida.
Não há relato de como os primeiros seres humanos fugiam das manadas desembestadas que atravessavam as savanas. Mas há relatos de que é melhor sair da frente de uma manada de bisões ou de uma régua de catetos.
Ficar significa, quase que inapelavelmente, a morte. Ser atropelado pelas feras desembestadas não dá muita esperança para quem está na iminência de ser transformado em carne moída.
A mesma regra se aplica ao terrível dinossauro moderno, que atravessa as ruas da zona oeste como se fosse um tiranossauro passeando pelos campos jurássicos.
Azul e vermelho, graças a Deus, pode ser visto de longe. Não quer dizer muita coisa em termos de salvar a pele, mas aumenta as chances de quem estiver no seu caminho.
Com o motor moderno dando o torque que as rodas precisam, os ônibus da Intervias Pirajuçara são uma ameaça à paz e à ordem da região.
Para não falar em quem é transportado por eles. A sensação de desconforto deve ser medonha. O enjoo deve ser parte viva da experiência diária de quem tem a falta de sorte de necessitar destes ônibus para exercer o direito de ir e vir.
Como pode mais quem chora menos, os ônibus da Intervias Pirajuçara não se abalam, nem se detêm diante de nada. A vontade do motorista dá o rumo e o ritmo. Quem tem juízo sai da frente. Quem está dentro quer chorar, porque a experiência é a mesma do leão atropelado pelos búfalos.
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