O desmanche do Rio não é obra do acaso
Se faltava alguma coisa para deixar claro o desmanche do Estado do Rio de Janeiro, o carnaval se encarregou disso. Retirou o último resto de esperança do último otimista e da velhinha de Taubaté.
As cenas chocantes de um supermercado sendo saqueado e a chocante demora da polícia para atender a ocorrência já seria suficiente. Mas o drama vai além. Passa pelo assassinato do décimo quinto policial neste ano. Por arrastões apavorantes. Por tiroteios em todas as regiões da cidade. Pela falta de policiamento até terça feira, quando a polícia deu as caras na zona sul, repleta de turistas, para não pegar muito mal.
O Governador deu no pé. O Prefeito foi ver esquemas de segurança na agência espacial alemã, o que leva a crer que ele pode estar pesando em mandar os bandidos para o espaço, mas a ideia é fraca e não empolga.
Do outro lado, a bandidagem deu show. Profissionalismo pra valer. Não teve espaço não coberto. A cidade é deles e ficou evidente que nos próximos 50 anos não vai mudar muita coisa.
Uma olhada no passado mais ou menos recente do Rio de Janeiro mostra que o que está acontecendo não foi obra do acaso. Ao contrário, o sucesso só é do tamanho que é porque houve investimento sério no projeto. O carioca acreditou e votou para isso.
De Brizola em diante, o Rio não teve ninguém que se salvasse. E os melhores estão na cadeia.
Quantas vezes ouvi cariocas bem informados e em posições importantes me dizerem que Sérgio Cabral era o melhor candidato para Presidente da República? Que era só olhar o que estava fazendo no Rio para não ficar nenhuma dúvida?
Pois é, agora chegou a hora da onça beber água. Vamos ver o que acontece. Eu não acredito na intervenção. Sem medidas sobre as quais ninguém falou, o Rio volta a ser do crime organizado em pouco tempo.
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