O centro sábado de manhã
É inacreditável, mas, num sábado desses, acordei assustado com algum barulho, olhei para o relógio, vi 7 e 10 e pensei: “meu Deus, estou em cima da hora”. Me levantei correndo, fiz barba, tomei banho, me vesti e saí de carro porque tinha um café da manhã marcado às 8 e 45.
Em outras palavras, cheguei uma hora antes. Então, entre ficar esperando e passear por São Paulo, decidi ir até o centro velho. Dava tempo de sobra, ainda mais num sábado cedo. Desci a Consolação, entrei na Xavier de Toledo, cruzei o Viaduto do Chá e fui estacionar na Líbero Badaró, perto da Praça do Patriarca.
É impressionante a diferença entre a vida da cidade num dia de semana e no sábado de manhã.
No sábado a pressa desabotinada dá lugar a um ritmo calmo, diferente, quase indolente, como se naquele dia e hora o paulistano pudesse tirar sua armadura de enfrentar a vida e andar de bermuda e chinelo de dedo, pouco se importando com o pão nosso de cada dia, a hora de não perder a hora, o metrô superlotado e as faixas de ônibus parando a cidade.
Às 7 e 45 de sábado a vida em São Paulo corre mansa e solta como se a única responsabilidade fosse se preparar para não fazer nada, mais tarde tomar um chope gelado e dormir depois do almoço.
A Praça do Patriarca não é bonita. Construíram um pórtico que a fez mais feia ainda. É tão feio que a estátua do Patriarca fica de costas para ele, olhando em direção da Praça da Sé, como se tivesse vergonha do que fizeram com sua praça.
Mas é lá que fica a igreja de Santo Antonio, uma das mais antigas da cidade. Então, por que não entrar e acender uma vela?
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