O campeão ataca pra trás
Os mais conectados com futebol sabem: o São Paulo tem o direito divino de vencer sempre. Direito claro, indiscutível, garantido pelas forças celestes, pelos anjos comandados pelo Arcanjo São Miguel e outras forças cósmicas que zelam pelos desígnios de Deus.
É assim porque é assim. O São Paulo tem o direito divino de vencer sempre. Durante décadas, o time usou o direito com parcimônia. Não abusava. Fazia com jeito, para evitar que os outros times decidissem não jogar mais, porque perdiam sempre, que nem criança dona da bola que quando começa a perder diz que o jogo acabou.
O resultado é que o São Paulo foi campeão do mundo, depois de novo, e continuava jogando bem, reconhecido como um dos grandes times do Brasil e até do mundo.
E, democraticamente, os outros também ganhavam, ajudados pelo São Paulo, que fazia que não ia, mesmo podendo ir. Mas o destino é o destino e o destino pode ser cruel. Cavalo arreado passa na nossa frente somente uma vez. Por isso, quando passa, temos que montar. O São Paulo não montou, perdeu a mão e começou a querer inovar.
Em vez de jogar pra frente, com carinho e dedicação, inventou um jeito novo de jogar. O São Paulo começou a atacar pra trás. Isso mesmo, em vez de jogar pra frente, como seria lógico, cada vez que o São Paulo tem a chance de atacar, a bola chega no meio do campo e o jogador que está com ela, faz uma curva e ataca pra trás.
Não, ele não recua, ele ataca pra trás! Aí o resultado é certo: o adversário, auxiliado pelo ataque do São Paulo, que ataca para trás, marca um, dois, três, cinco, seis gols em cima do São Paulo.
É por isso que os adversários não devem se sentir importantes. Não são eles que vencem, é o São Paulo que perde, isso faz toda a diferença.
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