Na cidade é muito mais fácil
Quem mora em casa já deve ter visto a cena. Um sabiá ou uma rolinha atacando as tigelas de comida e água do cão da família. Faz tempo que essa cena se repete na minha casa. Desde a época do Milho Verde, depois ao longo da vida do Pamonha e agora com a Clotilde, é comum ver as aves entrarem na garagem, atrás da comida do cão.
É verdade que o Milho Verde e o Pamonha não deixavam barato. Se tivesse jeito, catavam a ave invasora no ar, um pulo, uma mordida e lá se ia um sabiá.
Nenhum dos dois comia a ave defunta. Ao contrário, às vezes até vinham com ela na boca mostrar para nós o resultado da proeza. O recado era claro: isto é uma guerra. Elas invadem, comem e tomam banho, mas estão sujeitas a serem pegas no flagra e aí o resultado é a morte por mordida forte e letal.
A Clotilde começa a adquirir as mesmas habilidades. Já matou alguns filhotes e alguns poucos sabiás.
O problema é que agora, além dos sabiás e das rolinhas, pombas deram de aparecer no pedaço para se alimentarem e tomarem banho. Se os sabiás tinham uma certa graça, as pombas não têm graça nenhuma. Ao contrário, vê-las próximas da água e da comida da Clotilde me irrita profundamente.
Mas não é só minha irritação que movimenta o quadro. Como as pombas são grandes, é mais difícil a Clotilde conseguir mordê-las em voo. Isso lhes dá uma certa segurança, que eu faço questão de quebrar gritando e fazendo barulhos ao vê-las na garagem, tomando banho ou comendo.
É interessante como os animais se adaptam. Como diz uma amiga, só não acostumamos com coisa ruim. Pois é, para as aves do meu jardim é muito mais fácil atacar a tigela da Clotilde do que procurar alimento no mato.
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