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Crônicas & Artigos

em 16/08/16

Multar é preciso, navegar não é preciso

Navegar é preciso, viver não é preciso. Que importa se o verso não é de Caetano Veloso, nem de Fernando Pessoa, mas volta ao império romano e às guerras Púnicas? Que importa se pouca gente sabe disso? Que importa se na CET menos gente ainda sabe disso?

Parafraseando o verso, a CET desenvolveu “Multar é preciso, navegar não é preciso”. E morrer, tanto faz. Se for com a multa, maravilha! Se for com a vida, o problema é seu.

Ó rio poluído, quanto do teu sal são lágrimas de motoristas multados? Para que fôsseis nossas, ó multas, quantas mães choraram, quantas noivas ficaram por casar?

Valeu a pena? Tudo vale a pena, se a multa não é pequena. Deus ao marronzinho o celular deu, mas foi nele que espelhou o ato de tirar o que não é seu.

Mais vale uma multa no bolso do que duas a voar! Quem não tem celular fica no trânsito sem cachorro. Se não multar, não tem o pão nosso de cada dia em cima da mesa.

“Quero mais que o cidadão se exploda”. Para a CET o trânsito é apenas um pretexto. O negócio sério, a fonte de renda, que paga café da manhã, cafezinho e até um bônus de vez em quando, se chama multa. Multa densa, grossa, pesada, arrancada a saca-rolhas, por radares, por placas de má-fé, absurdos transformados em lei e autuações incorretas para ver se pegam e o cidadão não recorre, tomando mais uma multa em nome da prosperidade da administração municipal.

Os semáforos não funcionam? Eu sei. Mas quem se bate em nome dos semáforos? Por isso é mais belo. Os radares funcionam com chuva ou com sol. Por isso eu multo, eu multo. Meu negócio é multar: “Multar é preciso, navegar não é preciso”. Viva a prefeitura que não gosta da cidade!

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