Monty Python revisitado
Entre os maiores humoristas modernos está o grupo britânico Monty Python. Seus filmes são hilários e até hoje fazem a pessoa mais rabugenta rir, quando não gargalhar.
Pois é aí que a coisa fica torta. No filme “O Sentido da Vida” tem uma cena absolutamente surreal, onde se decide que é necessário atacar os romanos. Afinal, os romanos são os inimigos e eles precisam ser atacados. Um dos atores pergunta: “Mas não foram os romanos que nos trouxeram água? Não foram eles que modernizaram nossas cidades? Não devemos a eles os confortos do mundo moderno?” E o outro responde mais ou menos o seguinte: “Claro que foram! Por isso mesmo temos que atacá-los.”
O Brasil de hoje tem muito de Monty Python e do “Sentido da vida.” Quem me chamou a atenção foi meu amigo Fábio Villares, durante uma de nossas aulas de ginástica na Academia do Isidoro, numa quarta-feira de manhã.
Não foi o Temer que começou a tirar o Brasil da crise? Não foi ele que baixou a inflação? Que fez a Reforma Trabalhista? Que criou o marco das empresas públicas? Que faria reforma da Previdência, se não fosse atacado por todos os lados, como os romanos no filme do Monty Python?
A argumentação da comédia inglesa é a argumentação da tragédia brasileira. É aí que mora toda a diferença. Entre mortos e feridos, os ingleses não são suicidas. Na hora do pega pra capar, filme é filme, realidade é realidade.
Pena que no Brasil é exatamente o oposto. A pegada é tão poderosa que até as publicações internacionais comentam que, apesar dos roteiristas se esforçarem para criar roteiros em que a vida imita a arte, o Brasil faz sempre mais. Aqui é muito pior que a pior cena de qualquer filme de terror e mais louco que qualquer comédia. O duro é que a conta é nossa.
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