Mistérios da capital
Por que será que todos os dias acontecem barbaridades explícitas na Rua Veiga Filho, bem atrás do Shopping Higienópolis?
Rua de bairro antigo, ela é larga, mas não comporta caminhões, vans e caminhonetes estacionados dos dois lados da rua, como se não fosse uma rua importante para desafogar o tráfego do bairro.
Todas as manhãs, e antes do almoço, e depois do almoço, e ao longo da tarde, e no começo da noite, tanto faz a hora, o ano inteiro e agora no Natal, lá estão eles, parados, descarregando na santa paz do Senhor, quase alcançando a beatitude dos bem aventurados que voam de helicóptero e veem a cidade de cima e por isso acham tudo ótimo.
Para essa turma, descarregar a qualquer hora é o mel na sopa, o açúcar na caipirinha, modo inteligente de ganhar o pão nosso de cada dia.
Tanto faz se isso atrapalha e engarrafa o trânsito de toda uma região densamente povoada. Tanto faz se perto tem hospitais. Tanto faz todos os tantos fazes, os motoristas destes veículos pouco se lixam para você.
Eles param, descarregam e batem papo sem serem incomodados por ninguém. O Shopping evidentemente não tem interesse em tirá-los de lá. Afinal, estão abastecendo suas lojas.
E a CET, misteriosamente, não dá o ar da graça. Tão ciosa de suas multas, ela espalha os bravos agentes pela cidade inteira, inclusive em volta da Santa Casa, mas não coloca um único marronzinho na Veiga Filho atrás do Shopping Higienópolis.
Mistérios que a própria ideia de mistério não explica, nem justifica. Mas se a cidade tem outros mistérios, por que o mistério da ausência dos marronzinhos deveria chamar a atenção? Pode mais quem chora menos. Há de haver uma explicação lógica, mas essa é segredo.
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