Ladeira abaixo
Quem acha que o Rio de Janeiro é o retrato lamentável do que fizeram com o Brasil está certo. O Rio de Janeiro é o retrato lamentável do que fizeram com o Brasil. Mas não é o único. Veja o Rio Grande do Norte.
O Rio de Janeiro se destaca pela falta de tudo, em todas as áreas básicas, mas, curiosamente, não faltou dinheiro para 17 minutos de fogos de artifício, show da Anita e furtos à vontade na praia de Copacabana.
Comemorar o réveillon é ótimo, faz bem pra alma, alegra o espírito e pode até ajudar o corpo, mas a contrapartida não pode ser tirar o pouco dinheiro, que faz tempo que não sobra, da saúde, da segurança pública e da educação para soltar fogos. Foi isso que o Rio de Janeiro fez.
Show para ninguém colocar defeito. Na visão da Globo, perfeito e tranquilo; na visão de quem foi assaltado, um susto atrás do outro; na visão da Secretaria da Segurança Pública, a festa foi policiada por não sei quantos agentes fardados e à paisana, infiltrados na multidão, que, como se viu, não deram conta do recado.
Mas, se o Rio de Janeiro desce ladeira abaixo, na banguela e sem breque, ele não é o único. Isso não é desculpa. Só serve para mostrar que o quadro é muito mais complicado do que parece.
O que aconteceu no Rio Grande do Norte é paradigmático. O desmonte de tudo o que deveria existir para servir a sociedade fica claro na imagem da tropa do exército patrulhando as ruas porque as polícias fizeram greve porque não receberam os salários. Se ficar, o bicho come; se correr, o bicho pega. E a população paga o pato enquanto os políticos que nos roubam bebem vinho francês e comem caviar, engordando com o dinheiro que faz falta. Parece que 2018 começa melhor do que 2017, mas não é um mar de rosas, nem promete o paraíso em 90 prestações. O buraco é mais embaixo e não são os políticos que estão aí que vão por ordem na casa.
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