Javalis Selvagens – Os meninos da Tailândia
Estatisticamente, a morte dos doze meninos e de seu técnico dentro de uma caverna na Tailândia não teria nenhum impacto no total das pessoas vítimas de acidentes de todos os tipos.
Quase ao mesmo tempo, fortes chuvas mataram muito mais pessoas no Japão. O trânsito de São Paulo mata mais no período de um mês e os assassinatos e as guerras são mais letais ainda.
Quer dizer, para efeito de quem vive e quem morre vítima de acidente, a morte dos treze não modificaria os números, nem justificaria um esforço extraordinário para evitar que acontecesse.
Em estatística, tudo bem, pode ser assim, mas em termos humanos não foi, nem poderia ser, ainda que, em princípio, o risco de morrerem fosse muito maior do que uma operação de resgate bem-sucedida.
A operação de resgate foi montada e envolveu especialistas de vários países. Se sabia que a chance de dar errado era real. Os meninos estavam presos numa caverna parcialmente inundada, a mais de um quilômetro de distância, e para saírem necessitavam realizar uma travessia arriscada, na qual um mergulhador perdeu a vida no começo dos trabalhos.
A ação seguiu em frente, tinha que se tirá-los de lá. E as forças armadas tailandesas deram um show ao fazê-lo sem perder um único menino, numa operação milimetricamente planejada e levada a cabo com rara competência para salvar os Javalis Selvagens.
São ações como essa que dão a verdadeira dimensão do ser humano, que mostram quem nós somos e que somos muito maiores do que as atrocidades que alguns insistem em praticar.
A operação de salvamento na Tailândia não resgatou apenas treze pessoas. Resgatou a dignidade, a dimensão do certo, do nobre, do belo, do humano e do heroico que existe dentro de cada um de nós.
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