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Crônicas & Artigos

em 22/06/18

Gripe

Esta época do ano é de alto risco. A gripe está aí e sem aviso ela entra, chega chegando, se instala e atrapalha sua vida por alguns dias.

Na maioria das vezes, a gripe não é uma doença séria. Ao contrário. Mas é extremamente desagradável. Faz o corpo se sentir na antessala do inferno, a mente embota e a alma sai atrás de outra vida porque a sensação que se tem é de que o fim do mundo está próximo.

Existem casos de gripe com final triste. Avança, se transforma em pneumonia e pode acabar mal. Pneumonia é pior do que gripe e mata com mais competência. É só olhar as estatísticas para ver o estrago.

Na maioria das vezes, a gripe não abala as estruturas físicas, se limita a acabar com a moral. Humilha, diminui, avacalha, tortura com a sem cerimônia dos agentes secretos comunistas em filmes de Hollywood.

Ficar gripado é o cão. Não dá vontade de fazer nada. Nem de fazer alguma coisa. O corpo fica dolorido, a garganta arranha, a tosse vem do fundo do pulmão e apavora a alma cada vez que decide que é hora de entrar em cena e chega feito um trem de carga descendo a serra.

A soma dos sintomas e a certeza de que nenhum remédio vai fazer efeito é o pior. Ainda não inventamos antídoto eficiente. O vírus dá de goleada, ri e, só para implicar, faz a febre subir mais um pouco, chega perto dos 39 graus, o mal-estar é sua melhor vingança.

Vírus é à prova de antibiótico. Não há o que fazer, além de tomar meia dúzia de paliativos que não resolvem, nem amenizam o gosto de corrimão de metrô na boca. Não há vitória possível, mas os remédios nos dão a ilusão de que estamos na briga e que podemos vencer. O importante é não fugir da raia, até porque não tem para onde. A sorte é que, em alguns dias, tudo acaba, o mal-estar passa e retomamos a vida como se não tivesse acontecido nada. Quem se lembra da gripe do ano passado?

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