Penteado Mendonça Advocacia

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Crônicas & Artigos

em 22/10/14

Fatalidade

por Antonio Penteado Mendonça

Qual a nossa capacidade de intervir na vida e fazer as coisas funcionarem como nós gostaríamos que fossem? Tenho um amigo que diz que “herói é só um sujeito no lugar errado e na hora errada, mas que quando percebe isso, já é tarde”.

Quantas pessoas morrem porque saem um minuto antes ou um minuto depois?

Quantas coincidências são necessárias para selar o destino de um homem?

Será que existe uma ordem pré-estabelecida que comanda o universo, tomando conta de cada um, em todas as situações?

Enquanto o Pamonha viveu, um bando de sabiás laranjeira tinha comida e banho de graça na garagem lá de casa.

Eles comiam a ração do Pamonha e tomavam banho na sua água. O cachorro não gostava, mas na maioria das vezes as aves conseguiam fugir antes que ele as alcançasse.

Às vezes o Pamonha pegava uma no voo, justamente quando o sabiá tentava fugir voando baixo, por causa do teto da garagem.

O fato é que o Pamonha morreu e esses sabiás agora têm que dar duro na vida.

Não tem mais comida de graça, numa tigela limpa. Não tem mais água para tomar banho. A Dalva guardou as coisas do Pamonha. Resta a eles voar pelo mundo, correndo atrás de comida e água.

Se o Pamonha não tivesse morrido, eles continuariam no bem bom a que estavam habituados. Mas o Pamonha morreu.

Sem que eles fizessem nada para isso, perderam as facilidades que faziam suas vidas correr leve. Ganhar o pão nosso de cada dia se transformou numa briga feroz. Fazer o quê? Com os seres humanos também é assim. Deus dá. Deus tira.

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