Eucaliptos
Eu gosto de eucalipto. Provavelmente porque na minha infância a fazenda da família tinha eucaliptais, os quais nós atravessávamos andando a cavalo, brincando de mocinho e bandido.
É árvore que fica grande, que fecha um belo bosque, ainda que com pouca vida dentro, por ser árvore importada. Gosto do barulho do vento passando pelos seus galhos. Gosto da forma das árvores quando ficam velhas e atingem tamanho de impor respeito às outras árvores em volta.
É curioso lembrar que, enquanto um ipê necessita alguns séculos para crescer e criar sombra, um eucalipto de 30 anos é uma árvore imponente. E aos 80 atinge praticamente o máximo, ficando, daí em diante, sujeito a cair, derrubado por uma ventania.
Gosto dos eucaliptais que se estendem pelas encostas dos morros. Gosto dos eucaliptos plantados em pequenos bosques. Gosto da árvore sozinha plantada em alguma praça de São Paulo.
Além de achá-la bonita, gosto do cheiro de suas folhas, que, desde criança, aprendi a esmagar nas mãos e colocar próxima do nariz para desentupir as narinas.
Para mim é um cheiro amigo, quente e próximo. Um cheiro de coisa limpa que me faz até hoje, durante uma cavalgada, estender a mão para um galho e puxar as folhas para esmagá-las.
Eu tenho um amigo que é dos maiores especialistas em meio ambiente que não gosta de eucalipto. Entendo e respeito sua posição. Afinal, a árvore vinda da Austrália ocupou muito espaço que não era dela.
Eu não sou tão purista. Gosto de várias árvores que vieram de outras terras, como as mangueiras e os coqueiros das praias do nordeste. Eu sei que um jequitibá ou um ipê são deslumbrantes, mas na minha mata tem lugar para eucalipto, aroeira, paineira e belas araucárias.
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