Enquanto isso a vida segue em frente
O Brasil segue seu caminho entre trancos e barrancos. Vai mal aqui, vai pior ali, falta respeito de todos os lados, falta dinheiro para a saúde, falta educação, falta tudo que é bom e faz a vida mais feliz.
Tem quem tem saudades dos militares. Tem quem não tem saudade dos militares. A maioria não sabe o que foi o regime militar. Por isso, uns usam o passado para posarem de heróis que nunca foram, e ganhar aposentadorias milionárias, e outros o usam para sonhar com Xangrilá, a terra mágica além do horizonte, que, evidentemente, nunca existiu, mas faz parte das lendas que alimentam as ilusões.
Enquanto isso, entre secos e molhados, vamos tocando em frente, até porque não tem outra coisa para fazer. A vida não para, tanto faz se as coisas vão bem ou não.
O homem bom e sério, o homem que é o herói nosso de cada dia, sai de casa de manhã cedo, vai para o trabalho, espremido no ônibus, no metrô, no trem, no trânsito, ao lado de milhões de outros homens e mulheres que também saem de casa cedo para ganhar honestamente a vida, sem tempo para lembrar que são tungados por impostos escorchantes, que depois são mal-usados por quem deveria dar o exemplo.
Tanto faz, a vida pode ser boa, tem espaço para rir, contar piada, estender a mão e pegar outra mão, olhar nos olhos, amar e ser amado.
O ideal seria poder esquecer o lado sujo do Brasil. Deixar pra trás a imundice que nossos personagens políticos criaram e de onde tiram a força, alimentados pela bandalheira, incompetência, falta de caráter e o resto fedido e feio que os distingue da população.
Ah, dez minutos para ver um resedá florido, uma quaresmeira, uma espatódia… Mais do que isso, um minuto, um único minuto, pra ver ao lado a vida se abrir na beleza singela de uma mão apertando outra mão.
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