Palmares pelo avesso
É comum ouvir que o grande livro sobre a Revolução de 1932 ainda não foi escrito. Não é verdade. Foi. Só não é conhecido, como acontece invariavelmente no Brasil.
“Palmares pelo Avesso” é uma obra prima com passagens que não ficam devendo nada aos Sertões. Nem em dramaticidade, nem em realismo, nem em beleza.
O livro de Paulo Duarte expõe o que foi 1932 na frente do Paraíba. Poderia ser sobre qualquer outro setor, tanto faz, o efeito seria o mesmo. Seria devastador. A guerra e o depois dela.
Com honestidade e gosto de decepção, o autor narra a luta na região de Cruzeiro, Lavrinhas, Túnel, enfim a chamada frente da Mantiqueira. Faltaram heróis? Não, mas os heróis não ganham as guerras. Faltaram bons solados, mas, mais ainda, bons comandantes.
É uma narrativa crua, viva, acima de tudo, triste. Triste pela estupidez da guerra, mas mais triste pela incompetência, covardia, despreparo, arrogância e falta de comando de parte das tropas paulistas.
Falhas que resultaram na morte de centenas de pessoas tratadas como absoluto descaso por oficiais que não iam para a frente de batalha e por oficiais que corriam da frente de batalha.
Não há guerra bonita. Há belos ideais que se perdem nos campos de batalha. Toda guerra é suja e feia, cheira a sangue, terra, estrume, corpos em decomposição e feridos gritando ou gemendo, gente sofrendo.
Tratar do tema com competência exige talento literário e conhecimento. Paulo Duarte tinha os dois. Por isso “Palmares pelo Avesso” deve ser lido por todos os que se interessam pela Revolução de 1932.
É um grande livro, que conta porque São Paulo não venceria a luta, mesmo tendo gente que achava que valia a pena continuar.
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