Dois e dois não é necessariamente quatro
Eu sei que a matemática garante que dois mais dois dá quatro. Quem sou eu para discutir com a matemática. Sem ela os egípcios não teriam construído as pirâmides, os gregos não teriam o Parthenon e Roma não teria erguido o Coliseu.
É responsabilidade demais dizer que dois mais dois não dá quatro. Seria desafiar os grandes gênios, afirmar que Leonardo não sabia o que fazia ou que Fermat era apenas um grande gozador.
No mundo real, nas rotinas do mundo real, ninguém duvida, dois mais dois dá quatro. Isso vale até para conchavo político, escândalo em empresa estatal ou qualquer outra forma de troca de favores, na qual um entra com a grana e o outro, com a bondade feita de noite ou debaixo do pano.
É assim porque é assim, da mesma forma que a letra A é A e Z é Z. Ou se aceita ou se aceita. Porque, se não aceitar, dará exatamente na mesma: o A continuará sendo A e o Z continuará sendo Z.
É o problema das crenças definitivas na verdade mais verdadeira entre todas as verdades não tão verdadeiras inventadas pelos homens.
É isso mesmo. Quantas verdades absolutas simplesmente não são mais verdades? Quantos deuses poderosos, oniscientes e eternos estão mortos? Quem se lembra de Baal, Astratec e outros deuses do Oriente Próximo? Se até os deuses morrem, por que dois mais dois terá que ser eternamente quatro?
Um advogado dirá que é relativo. Que dois mais dois pode ser quatro, mas, dependendo do enfoque ou da situação, pode ser 3 e meio ou cinco. Sem perícia e apuração mais consistente não se pode aceitar que dois mais dois é sempre quatro. As situações são únicas. A vida pega do seu jeito e ele é sempre diferente. Então, por que dois mais dois tem que ser quatro?
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