Do café para o vinho
A região de Espírito Santo do Pinhal é famosa por produzir um dos melhores cafés do Brasil. Além disso, na época em que história importava, os interessados aprendiam que lá aconteceu uma das poucas resistências armadas à Proclamação da República.
O Barão de Motta Paes armou seus homens e simplesmente decretou que Pinhal continuaria fiel ao Imperador. Como ele estava mais bem armado que as tropas à disposição para tentar reconquistar o município, foi necessária a intervenção do Imperador no exílio, que numa carta solicitou ao súdito leal que suspendesse a revolta e aceitasse o novo governo.
Localizada na região da Serra da Mantiqueira, Espírito Santo do Pinhal, além do café e da resistência do Barão, viu a revolução de 1932 de perto e ainda deu para São Paulo um de seus cardeais.
Tenho alguns amigos que são da região ou têm fazendas lá. Atualmente, a hegemonia do café abriu espaço para outras atividades, como eucalipto, pecuária e até cana.
Mas nenhuma é mais inusitada do que a ideia de um amigo que decidiu produzir lá o melhor vinho do Brasil. Ele não ficou na conversa. Foi à luta, plantou parreiras e investiu pesado para criar um vinho de qualidade.
Sua fazenda é um parque ou um jardim extremamente bem cuidado. Mas não é para se olhar, é para produzir o vinho.
Depois de alguns anos investindo, trazendo especialistas internacionais, plantando cepas da melhor qualidade, selecionando entre as uvas as que iam bem na região, o vinho começou a ser produzido.
Outro dia estive com o Paulo Brito e com a Ângela, sua mulher e grande homenageada no rótulo da garrafa. Tinham acabado de tirar o primeiro lugar numa exposição internacional, com o vinho recebendo 95 pontos, o que é raro até para as grandes marcas com tradição no assunto.
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