Cunha
É interessante como as ideias pré-concebidas são demolidas pela realidade. Cunha, no Vale do Paraíba, é um bom exemplo.
Há 40 anos, Cunha era passagem para Parati. Perdida na neblina do alto da serra, encostada na estrada que liga Guaratinguetá ao litoral carioca pelo antigo Caminho do Ouro, por onde parte das riquezas da Minas Gerais e, depois, do café do Vale do Paraíba foi exportado para a Europa, a cidade pobre não chamava a atenção, nem convidava a parar.
Em contrapartida, na região se encontrava o melhor queijo meia cura de São Paulo. Coisa dos deuses ou de agradar banqueiro. Volta e meia eu trazia um queijo para meu pai dar de presente para seu amigo Gastão Vidigal, um dos grandes banqueiros da época e que foi meu patrão.
Também tinha algumas cachoeiras que valiam a visita e um belo banho, quando a viagem era de dia e não estava frio.
Em Cunha faz frio. Revivi a experiência faz pouco tempo, num final de semana lá. Também descobri que Cunha é um lugar muito gostoso e que ficou bonito. Não só porque tem a Pedra da Macela ou as cachoeiras.
A cidade está mais cuidada. Com seu ar de cidade do interior, ao contrário de várias outras espalhadas pelo Brasil, Cunha decidiu dar um tapa na aparência e está restaurando o centro histórico.
Mas o que faz a visita valer a pena, não é o carnaval que tem fama de muito bom, nem as lembranças da Revolução de 1932, hoje quase perdidas na neblina, nem seus prédios sem nada de muito especial.
O que faz a diferença são as pousadas e a gastronomia. Em Cunha, se come e se bebe muito bem.
Algumas pousadas não devem nada ao que há de melhor no gênero. A cerveja artesanal convida para um gole e os restaurantes são deliciosos. Quem quiser conhecer vá ao La Taverne, especializado em cogumelos e peixes. Garanto que vale a visita.
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