Contradições curiosas
O Brasil é um país curioso, com contradições mais curiosas ainda. De vexames na diplomacia, a vexames em áreas com grande tradição de sucesso, vamos despencando ladeira abaixo, sem chance de nos segurarmos porque os barrancos são lisos e o piso está enlameado.
Falar da chegada da crise é sem sentido. Ela já está aí, no bolso de quem vai aos supermercados, nos imóveis vazios, na indústria andando de ré, no desemprego rondando os salários mais altos.
Dramas nascidos da inflação alta e do crescimento baixo. Nada que não tenha conserto, mas só depois de fazer a lição de casa. E essa será dolorosa.
Meu ponto é mais próximo. O que é mais importante: a saúde da população ou os desmandos no futebol? Como cada um é cada um, pode ser que tenha quem diga que é o futebol. Não sei, tudo é possível. Mas, para mim, a saúde da população vem em primeiro lugar, até porque são os hospitais públicos que atendem as vítimas da violência que corre solta antes, durante e depois dos jogos.
Mas vejam que país curioso! As mais altas autoridades da nação recebem jogadores de futebol e ouvem os torcedores para resolver, ou pelo menos fingir que resolvem, os problemas do nosso antigo orgulho, triturado pelos alemães e holandeses. Mas ninguém viu alguém importante receber os representantes do setor de saúde, atolado em dívidas monstruosas, não porque faz o que não deve, mas porque atende a população carente, mesmo sabendo que vai receber bem menos do que gasta com o atendimento.
É o samba do crioulo doido. Mas é o retrato do Brasil às vésperas da eleição. Pense bem. Que político você quer? O que faz Copas e dá dinheiro para as mazelas do futebol ou quem investe na saúde do povo?
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