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Crônicas & Artigos

em 14/05/18

Certas paineiras

Certas paineiras não têm a menor cerimônia em mostrar que são deslumbrantes, que fecham o comércio com a mesma tranquilidade que as mulheres lindas fazem o que querem neste mundo que consagra à beleza uma condição especial.

Estou sendo injusto, os homens muito bonitos também causam estrago de monta, o que só reforça a afirmação sobre as paineiras que não se sentem inibidas de abrir a florada como os pavões abrem suas caudas, mas com mais exuberância, mais consistência.

As paineiras sabem que uma paineira florida pode ser das coisas mais belas do mundo. Por isso, na hora certa, chegam, dão seu show, humilham a periferia e retornam à sua rotina, convencidas de que são as mais belas.

As paineiras são inteligentes. Não são todas que se apresentam completamente vestidas para festa todos os anos.

Têm as extremamente vaidosas, que não abrem mão de participar da florada vestidas com o que há de mais belo no mundo das flores.

A maioria sabe que não é por aí, que a estratégia correta é fazer como costumam fazer, com diferentes árvores florindo de diferentes formas, criando o contraponto necessário para chamar a atenção para elas e assim competir com os ipês e as quaresmeiras, muito mais plantados nas ruas e jardins da cidade.

Mas a maioria, filosoficamente, aceita as que querem dar show todos os dias, todos os anos. Elas sabem que tem gente que é assim, que só olha o próprio umbigo. Não tem nada de novo debaixo do sol porque, desde o começo dos tempos, depois da queda no paraíso, neste mundão de Deus, o egoísmo faz parte do jogo.

Mas, egoístas ou não, algumas paineiras se superam, brilham, enchem o dia com a possibilidade de se ser feliz sem pagar nada por isso.

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