Certas manhãs
Certas manhãs chegam de um jeito especial, diferente, mais luminoso, mais intenso, mais cheio de vida e cor, como se o dia nascendo trouxesse consigo e explodisse diante de nós o amor que extravasa do peito de Deus.
A cor do céu é diferente, a cor do dia é diferente, a luz é diferente, tudo é único e maravilhoso, como deve ter sido o primeiro instante do paraíso no dia da criação.
O alto da Ponte da Cidade Universitária é o mirante perfeito para o momento perfeito. Para a comprovação de que o milagre da vida se repete desde o começo dos tempos, em cada manhã que nasce de trás dos prédios, de trás dos montes, do horizonte profundo do outro lado do mar.
O sol sobe por trás dos prédios que fecham o horizonte da Vila Beatriz e da Vila Madalena. O céu adquire tons impressionistas, o azul borrado pelo laranja e o vermelho forma uma tela gigantesca que se espalha pelo céu.
E a beleza toca até quem dirige feito louco, chegando na cidade, vindo de uma das estradas que desaguam no pedaço.
A beleza enternece, amolece o peito, nos faz sentir melhor, nos deixa melhor, como se um pouco de essência divina saísse da tela do céu e entrasse no nosso coração.
Diz a lenda que Apolo diariamente cruzava o céu aberto para ele pelos dedos leves da Aurora. Para ser verdade é só esperar o sol sair da névoa e ver o carro do deus cortando o espaço, puxando a luz que cria a vida.
Mas se certos dias começam diferentes e bons, não significa que seu desenrolar vai manter a mesma toada. Pode ser que sim, pode ser que não. O que ninguém tira é a lembrança do momento mágico do primeiro olhar, vendo a manhã radiante tomar conta da cidade.
Nessa hora o coração redescobre a beleza e a beleza traz a bondade, o amor e a ternura para energizar as sensações que pautam nosso dia.
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