Centenário de Dorival Caymmi
Conheci Dorival Caymmi no nosso apartamento do Guarujá na década de 1960. Ele era amigo de meu pai e, por isso, como não tinha onde ficar, acabou lá em casa em função de uns shows que fez naquelas férias.
Alguns anos depois, na primeira vez que fui a Salvador, meu amigo Zé Cássio do Val e eu não tínhamos onde ficar. Então, demos o troco e fomos parar na casa do grande compositor, no bairro do Rio Vermelho.
Caymmi nos recebeu como reis. Mas sua casa estava lotada. Assim, levados por ele, acabamos na casa de Vinícius de Moraes, em Itapuã.
Desde menino eu sempre fui apaixonado pela música de Dorival Caymmi. A “Suíte dos Pescadores” mexe comigo até hoje. Alguns de seus versos estão entre os mais bonitos da poesia brasileira.
Mas não é só a “Suíte dos Pescadores” que vale a crônica. ‘Maracangalha”, “Peguei um Ita no Norte” e “Marina” merecem crônica, LP, CD, DVD e o mais em que puderem ser gravadas.
Dorival Caymmi se estivesse por aqui estaria fazendo cem anos. Dorival não morreu. Ele não está aqui porque foi navegar de jangada nas ondas do alto mar. Foi se encontrar com Zeca, Chico e Lino na jangada balançando, subindo e descendo para entrar no paraíso.
Depois, navegou para Maracangalha, pra levar pra Naia – que quis ir – um chapéu de palha, encontrado num Ita vindo do norte, saído de Belém do Pará.
Dorival não morreu. Como pode morrer alguém que diz: “não pinte esse rosto que eu gosto e que é só meu. Marina você já é bonita com o que Deus lhe deu…”.
Alguém assim não morre. Encanta e vive pra sempre na música das ondas cantando pra lua.
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