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Crônicas & Artigos

em 11/07/17

Capim gordura

Campos do Jordão não faz parte dos meus roteiros. Desde menino, nunca fui muito de frequentar o pedaço, o que tem como consequência eu não conhecer bem a cidade. Conheço o Toriba, o Grande Hotel, mais meia dúzia de quebradas, a maioria no Capivari. Conhecia melhor São Bento do Sapucaí, mas faz anos que não vou para lá, então também não posso mais falar que conheço. Não conheço.

Fui a Campos do Jordão fazer uma palestra. A estrada continua exatamente a mesma, o que mostra que, em algum momento, faltou planejamento estratégico. Afinal, Campos do Jordão é o endereço do inverno paulista e a estrada está exatamente como já estava muitos anos atrás.

Como era dia de semana e as férias ainda não tinham começado, a viagem fluiu numa boa, com velocidade constante e oportunidade para ver a paisagem maravilhosa que fica mais bonita a cada quilômetro que se sobe.

Mas teve mais. Como se não bastasse a visão deslumbrante do vale lá embaixo, os morros cobertos pelo capim gordura florido tinham uma cor de desenho animado ou filme de Alice no País da Maravilha.

O roxo da florada do capim gordura é mágico. Pena que está desaparecendo dos cenários paulistas.

Quando eu era menino, os pastos da fazenda de Louveira eram formados pelo capim gordura. Por isso me habituei com sua cor maravilhosa, a partir do meio do outono. Cor que se misturava com a florada das paineiras e criava cenários deslumbrantes nos morros da região.

Mas negócio é dinheiro no bolso. O capim gordura não era lá essas coisas para engordar o gado. Então surgiram o pangola e outros capins diferentes, até a invasão maciça do braquiária, que tomou conta dos pastos brasileiros. Fazia tempo que eu não via capim gordura florido. Continua lindo. Só isso já teria valido a viagem.

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