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Crônicas & Artigos

em 01/11/18

Cadê os pardais?

Meu pai não gostava deles. Dizia que por causa dos pardais os tico-ticos tinham desaparecido de São Paulo. Os pardais são pássaros vindos da Europa, não são nativos, por isso não têm inimigos naturais, ou não tinham, quando chegaram.

O resultado foi se estabelecerem no bem bom da vida brasileira e tomarem de assalto os céus do país, se espalhando de norte a sul numa velocidade impressionante, a ponto de virarem letra de música no clássico “Ave Maria no Morro”, composto em 1942, por Herivelto Martins.

Os pardais parecem tico-ticos com o pescoço preto. Mas não são tico-ticos, são pardais e como quando chegaram de Portugal, trazido por um português com saudades da Terrinha, os gaviões não os viam como presas, tomaram conta do pedaço, crescendo em cima dos tico-ticos, invadindo as praças brasileiras em revoadas grandiosas, com centenas de aves cortando o céu ao mesmo tempo.

Durante décadas foram os donos das praças de São Paulo, ciscando no chão, voando entre os galhos das tipuanas, paus-ferros e outras árvores que enfeitam a cidade.

Depois, começaram a diminuir, aliás, nem sei se diminuíram mesmo ou se é só impressão. Mas a sensação é de que atualmente têm muito menos pardais do que já teve, não faz tanto tempo assim.

É curioso, mas na Cidade Universitária, aonde as mais variadas aves voam ou ocupam os espaços, não tem muito pardal. Tem quero-quero, rolinha, gavião, bem-te-vi, sabiás, periquitos, sanhaços, anuns, etc., mas não é comum se encontrar um pardal.

Não sei se é, mas pode ser que. E se os pardais experimentaram do mesmo remédio que deram aos tico-ticos? Será que a migração em massa das aves nativas para a cidade deu um basta no reinado dos pardais?

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